TUDO VAI MAL?

 

Às vezes as pessoas me pedem uma leitura, alegando que suas vidas estão uma bagunça. Tudo vai mal!

Isso me faz pensar: qual foi a ocasião em que tudo, absolutamente tudo na sua vida, estava indo mal? Pense bem: relacionamentos, trabalho, saúde, dinheiro, amigos, prosperidade (que nada tem a ver com dinheiro, mas com estar feliz fazendo as coisas), estudos, enfim, tudo - mas tudinho mesmo - estava ruim?

Eu acredito que nunca, não é?

De repente, não é que tudo esteja ruim; você é que só está focando no que não está indo bem. E problemas fazem parte da vida, eles estão aí para que possamos aprender a lidar com eles e nos fortalecer!

Eu acredito que quem vive reclamando de tudo, apaga as luzes da vida. Tem gente que reclama do emprego, da casa onde mora, da família, do cachorro do vizinho, do barulho da rua, da chuva, do frio, do calor... enfim, são reclamadores profissionais. E quando alguma coisa boa acontece, logo dizem: "Sim, mas..." Eles colocam sempre um porém para cada coisa boa!

Não é uma leitura de tarô que vai dar perspectiva para uma pessoa assim. Não é do tarô que ela precisa. Porque se as coisas estão sempre indo mal, é porque ela não está ouvindo, não está prestando atenção. E ler tarô não vai fazer com que ela comece a prestar atenção.

Geralmente, essa pessoa negativa está sempre consultado o tarô sobre exatamente os mesmos problemas de sempre. Bastaria dar uma boa olhada na última leitura, mas prestando atenção, e comparar sua situação atual com a situação para a qual aquela leitura foi feita: é a mesma! Nada mudou, porque a pessoa não mudou, não ouviu. Não aprendeu.

Mesmo que se façam mil leituras de tarô sobre um determinado problema, somente a pessoa, o consulente, tem o poder de mudar a situação. Só ele tem o poder de modificar sua vida. E tudo começa quando a gente abre os olhos e presta atenção.

O LOUCO

O LOUCO

Despreocupadamente, ele avança pelo caminho. Sempre seguido por seu amigo cão que o admoesta para ter cuidado. Mas ele não teme o abismo. A aventura é o sabor do momento, e se ele cair, aproveitará a linda vista que a paisagem do abismo oferece. E ele sabe que há grande chance de sobreviver ileso à queda que todos temem.

Romântico, ele carrega uma rosa. Mas também leva consigo a bagagem de tudo aquilo que tem sido a sua vida. Ele a carrega não como um peso, mas como experiência de vida, e quem tem uma vida leve, não carrega nenhum peso.

Suas roupas coloridas falam de alguém arrojado, que não tem medo de se atrever, de quebrar padrões, de se aventurar. O Louco tem a coragem que a maioria de nós gostaria de ter, de fazer algo novo, de dar o primeiro passo de um novo caminho, de sair pela vida em busca do que realmente nos faz felizes sem nos importarmos com as opiniões alheias.

Talvez ele não tema a queda devido às muitas vezes que caiu - e aprendeu a cair sem se ferir tanto, quem sabe... mas o Louco jamais deixará que o sabor da vida seja amargo pelo medo. Sua autoconfiança é invejada pelas pessoas, e as incomoda.

Mas o Louco também precisa ter um pouco de cuidado. Precisa caminhar com segurança pela beira do abismo, pois o excesso de autoconfiança não é algo positivo. Ele necessita encontrar o equilíbrio; assim, não perderá tanto tempo escalando a montanha todas as vezes que cair, e também não se ferirá sem necessidade.  

Mas quem não gostaria de poder ter essa bagagem leve que o Louco carrega? Quem não gostaria de jogar-se no desconhecido de vez em quando, só para ver o que acontece?

As mudanças importantes que tem acontecido na história do mundo são justamente aquelas perpetradas pelas pessoas que ousaram pensar diferente e dizer "Não" quando todos diziam "sim," e vice-versa. É claro que algumas delas foram enforcadas, crucificadas ou canceladas; mas sem elas, as mudanças não existiriam. Estaríamos ainda no âmago da Idade dos Corações de Pedra. 

É fato que os grandes avatares, aqueles que trouxeram as mais importantes mensagens e mudanças, tem sido caçados, assassinados, crucificados, cancelados. Mas a sua ousadia deixa sempre uma imensa pulga atrás das orelhas dos opressores, e sempre desperta alguma coisa na turba adormecida.

Este é o Louco. Assim é o Louco.

 

A Ansiedade em Prever o Futuro

 

 

Esta semana tem sido muito difícil para mim. Preciso resolver algo importante, mas parece que tudo está muito nebuloso, o que tem me causado insônia, ansiedade e muito medo. Sem perceber, eu de repente me encontrei no meio de um turbilhão de pensamentos negativos. E o pior de tudo isso, é que eu comecei a arrastar as pessoas que estão me ajudando a resolver o problema para dentro desse turbilhão, causando nelas um sentimento geral de impotência e ansiedade.

Meu deck de tarô parece até se encolher quando eu o manuseio pela milésima vez em um só dia, procurando por uma resposta – que é sempre a mesma: “Calma! Controle a ansiedade e aguarde o tempo das coisas.” Ah, mas não é esta a resposta que eu busco! Eu quero saber qual será o desfecho de tudo isso que estou passando. Daí fico de mal com o tarô e recorro a um dos  meus oráculo, que me diz: “Aceite que o processo é lento. Não tente apressá-lo, mas aos poucos vá se harmonizando com a situação. Dance conforme a música e não apresse o passo.”

Mais claro do que isso, impossível!

E ontem à noite, uma das pessoas envolvidas no processo (e que eu não conheço pessoalmente) me telefona e diz: “Entendo que você esteja ansiosa e queira uma solução, mas você está passando sua ansiedade para a equipe toda! Procure se controlar. Algumas coisas levam tempo!”

Quando meu marido chegou em casa, contei tudo a ele, esperando que me demonstrasse algum tipo de solidariedade, mas ele apenas respirou fundo e respondeu: “Ana, você sempre faz isso. Você deixa as pessoas nervosas, você quer tudo para ontem. Não é nada fácil para quem está perto de você.”

A ficha finalmente caiu. Porque eu nunca pensei, nunca tinha percebido que eu sou assim.

Às vezes as pessoas me pedem para fazer leituras para elas, e eu fico muito tempo me dedicando a isso, tentando colocar as palavras nos lugares certos para que elas possam compreender o que o tarô está dizendo. Dias depois, elas me pedem uma nova leitura sobre o mesmo problema. E fico sabendo que a anterior sequer foi considerada, pois não tinha a resposta que elas buscavam. Elas não querem saber da verdade, elas só querem que a verdade seja o que elas desejam, o que me deixa irritada.

Mas ontem eu percebi que eu faço a mesma coisa.

Querer saber o futuro, querer antecipar os acontecimentos como se o universo fosse submisso às nossas vontades é não apenas vaidade, mas também muita... burrice! Porque a vida não mima ninguém (Luiz Gasparetto vivia dizendo isso), e as coisas vão acontecer como elas tem que ser, independentemente da nossa vontade ou da nossa irritação. Algumas coisas nós podemos fazer acontecer, mas outras simplesmente acontecem quando chega o tempo. Saber distinguir umas das outras e ter paciência é fundamental. E mesmo que o resultado seja diferente do que esperávamos, a única coisa sensata a se fazer é aceitá-lo e aprender, meditar sobre e deixar ir.