Chegamos ao oitavo Arcano do tarôt, que é denominado A justiça. Sempre que olho para esta carta, uma reflexão me ocorre: o que é a justiça? Para a maioria das pessoas, a justiça é aquilo que acontece para favorecer-lhes pessoalmente, mesmo que eles estejam errados. Se meu inimigo (imaginário ou não) se fere em um acidente após prejudicar-me, verei isso como justiça... mesmo que eu seja hipócrita o suficiente para fingir que eu sinto muito! E na maioria das vezes, a justiça que desejamos não passa de um egoísta desejo de vingança.
Mas existe uma justiça Maior, que está bem acima daquilo que chamamos de justiça, e que abrange todas as pessoas: a Justiça Divina, que tudo vê, sabe e julga. Ela está além das nossas picuinhas e redemoinhos emocionais. Ela dá a justa paga a tudo o que fazemos ou deixamos de fazer, quando deveríamos agir. Ela é a tal justiça do "colhemos o que plantamos," embora muitas vezes nós colhamos junto com aquilo que plantamos muitas ervas daninhas que não cultivamos, mas às quais deveríamos estar mais atentos, arrancando-as antes que dominassem parte da nossa hortinha.
E é exatamente desta justiça que o tarô fala. Quando esta carta aparece em uma leitura, ela significa exatamente o que aparenta: a justiça pelos nossos atos. Se você plantou maçãs, colherá as maçãs que plantou, mas se plantou espinheiros... bem, a colheita deverá ser feita. Ela é a paga justa pelos nossos esforços, e nada mais além dos nossos esforços!
A lei de causa e Efeito, limpinha, inconfundível e inevitável. Se esta carta é boa ou não, daí, meu amigo, vai depender do que você anda fazendo.
Quando se ouve falar em carma, muita gente logo pensa em alguma coisa negativa. Mas o carma é apenas o fruto de nossas ações. Existe o bom carma. Se você quiser acumular um bom carma, não faça mal a ninguém, não faça fofoca, não magoe as pessoas de propósito (ou fingindo que foi sem querer), não tome para si o que não lhe pertence, não minta ou engane as pessoas que confiam em você e não humilhe ninguém. Ajude os outros de forma abnegada, sem pensar em recompensas e sem criticar suas falhas de forma sarcástica. Acima de tudo: nunca aponte o dedo para alguém dizendo "É para o seu bem" enquanto arranca o couro da pessoa diante dos outros. Se fizer isso, estará acumulando um carma bem ruim.
Porque a Justiça verdadeira conhece o teor das nossas verdadeiras intenções. A sombra da justiça paira sobre cada um de nós e sobre todas as nossas ações, e a sua espada é cortante.
As palavras-chave desta carta são: equilíbrio, ajuste, imparcialidade, pesar e medir, avaliar. mas até mesmo o desejo de justiça pode nos fazer cometer injustiças, e como tudo na vida, este arcano também têm seu lado não tão positivo: pré-julgamentos, crítica precipitada, PRECONCEITO. Ou seja: o lado ruim deste arcano é talvez um dos nossos lados mais humanos: a mania de demonizar a tudo e todos de quem não gostamos por algum motivo (ou por motivo nenhum).
Traduzindo e resumindo um trechinho de Graciella Stiltton: "A justiça que sempre chega. A Justiça nos convida a uma reflexão interior para revisar nossos atos, pondo na balança os pros e os contras dos nossos atos passados. Sugere uma relação harmônica entre intelecto e sentimento, é a voz da consciência, que exige estabelecer o equilíbrio a partir de critérios internos e externos.
Lado negativo: predomínio material, discórdia, abuso do poder, temer o desconhecido que existe na pessoa mesma."
Em um jogo sobre amor, ela pode significar uma separação entre um casal; para evitá-la, ambos devem conversar, pensar bastante e avaliar o que têm em mãos e a disposição de ambos para mudar e agir corretamente.
Agora, um trecho do livro Gilded tarot, de Ciro Marchetti: "A personificação da Justiça mostra o passado e o futuro seguros em suas mãos. As balanças representam o equilíbrio cármico da vida, que deve ser mantido. (...) A Justiça está vendada; ela não tem o poder de ferí-lo. Você mesmo fez o seu carma. O que quer que tenha feito no passado, determina o seu futuro. Aprenda através dos seus erros e faça escolhas que levem a um futuro mais feliz."
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